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As “fabricas de suor”

Quando o chanceler Helmut Schmidt visitou o Brasil, o cardeal D. Evaristo Arns insistiu que a Volkswagen remunerasse seus operários no ABC ao mesmo nível da matriz em Stuttgart.

“Ótima ideia. Se isso for feito, a VW Paulista fecha as suas portas e volta para a Alemanha, o que muito me ajudaria a resolver os meus problemas de desemprego”.

É desta maneira infantil que muitos enxergam a solução dos problemas econômicos.

É assim também que muitos começam a criticar as “fábricas de suor”. É a visão realista e a visão ungida do mundo que nos rodeia.
Para os utópicos, as “fábricas de suor” são fábricas que o capitalismo constrói em países de mão de obra barata, em que as condições de trabalho nas fábricas são inaceitáveis.

Mas já o realista, pergunta:
“Quais são as alternativas?”

O pesquisador da TexasTech, Benjamin Powell afirma que seu estudo indica que “as fábricas de suor são melhores do que as alternativas disponíveis e quaisquer reformas destinadas a melhorar a vida dos trabalhadores em fábricas de suor não deve pôr em risco os postos de trabalho que eles já têm”.

Hoje, em todo o mundo em desenvolvimento, o trabalho nas fábricas continua a servir como um caminho para sair da pobreza e escapar da labuta agrícola, com benefícios particulares para as mulheres que buscam independência econômica.
Na China, muitas mulheres passam de fábricas para carreiras de colarinho branco ou iniciam seus próprios pequenos negócios.
Muito poucas optam por retornar à agricultura de subsistência1.

No Bangladesh mais pobre, o trabalho nas fábricas aumentou a escolaridade das mulheres e diminuiu as taxas de casamento infantil.

O que a ONU e estes sonhadores não reconhecem, porém, é que, para alcançar a ampla aceitação da agenda de trabalho decente, você deve primeiro ter trabalho, e as “fábricas de suor” são um degrau na escada para conseguir empregos mais seguros e com melhor remuneração em uma economia de alta renda, riqueza e padrões de vida.
A passagem para o ideal de trabalho decente da ONU não é regulação e legislação, mas liberalização econômica.

Contrariamente à alegação de seus críticos, não foi o capitalismo quem criou a desagradável mão-de-obra infantil. Esse tipo de trabalho sempre existiu nas famílias e no campo. E não por uma questão de maldade, mas sim de necessidade econômica. O que obrigou agricultores a colocar seus filhos para trabalhar foi o fato de que, como a produtividade era baixa, tais pessoas simplesmente tinham de trabalhar 70–80 horas por semana se quisessem produzir o suficiente para comer. 

Foi o capitalismo e a acumulação de capital gerada pelo capitalismo quem permitiu o desaparecimento do trabalho infantil entre as massas pela primeira vez na história da humanidade, ainda que ele tenha, à primeira vista, tornado o trabalho infantil mais visível ao movê-lo do campo para as fábricas.

Enquanto eles trabalham nessas condições, eles ganham habilidades.
À medida que ganham habilidades, sua produtividade aumenta.
À medida que sua produtividade aumenta, também os seus salários.

Esta é a visão realista, e a única que funciona no mundo em que vivemos.

1. (Factory Girls: From Village to City in a Changing China by Leslie T. Chang).

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