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Entre guerras e esperança: reflexões sobre as Coreias

Como membro da Academia de Unificação das Coreias, sempre mantive um grande interesse por ambas as Coreias. Recentemente, realizei duas visitas à Coreia do Norte com o propósito de prestar ajuda humanitária. Por isso, sinto-me entristecido com a demolição do Arco da Reunificação em Pyongyang, na Coreia do Norte.

A obra, construída no início da rodovia que liga Pyongyang a Seul, saindo para Kaesong, era composta por duas mulheres que formavam um arco sobre a estrada e continha o mapa da Península Coreana. Esse acontecimento talvez represente o ápice da tensão entre os dois países que travaram uma guerra sangrenta, ceifando entre 2 e 3 milhões de vidas.

Retomando, a Guerra da Coreia foi o primeiro conflito na história a envolver combates entre caças a jato e, praticamente, a primeira vez que o exército americano enfrentou o exército chinês, próximo ao famoso Paralelo 38, talvez prenunciando tristemente a próxima guerra fria.

Curiosamente, nunca foi encontrada uma “solução pacífica final”, sendo apenas assinado um armistício que estabeleceu a Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), possivelmente uma das áreas com a maior concentração de equipamentos militares do mundo. Contudo, como nenhum tratado de paz formal foi assinado entre as partes envolvidas, tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra.

Levando isso em consideração, surpreende-me quando alguém, geralmente algum ativista, proclama que a guerra “não deveria ocorrer no século 21”. Mas por que o século 21 deveria estar isento das tragédias dos últimos 20 séculos? Seríamos mais sábios que os romanos? Mais inovadores que os florentinos? Teríamos líderes mais experientes do que Lincoln ou Churchill? Na verdade, qualquer coisa pode acontecer a qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer momento — e aconteceu e acontecerá até o fim dos tempos.

A verdade é que precisamos de líderes que compreendam que o sacrifício pessoal e nacional pode ser significativo, mas muitas vezes esse é o custo da paz, e nossa tarefa é perseverar para garantir que a paz seja preservada, não perdida.

Não custa recordar o livro de Eclesiastes, onde o verso 8, do capítulo 3, ensina que há “tempo de guerra e tempo de paz”. Que possamos recordar os tempos da assinatura do armistício, tempos de conciliação. Foi nesta mesa, em 1953, em Panmunjom, na Coreia do Norte, que os líderes militares das duas Coreias e dos exércitos americano e chinês assinaram esse documento que fragilmente cessou os combates. Que esses tempos de paz resistam aos malignos desejos do homem.

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