“Visite muitos livros bons, mas viva na Bíblia.”
Charles Spurgeon
Acabo de sair da Coréia do Norte e a minha maior surpresa não é a ferocidade do regime atual.
Se a Coreia do Norte é um lembrete gritante da falta da liberdade, por que a classe intelectual, com raras exceções, sempre teve admiração por estes regimes?
Alguém já brincou que o único lugar do mundo onde o socialismo deu certo é nos livros do MEC.
Aliás, é cômico quando se associa o saber com a publicação de livros. Se você escreveu algum livro no Brasil, você já pode se sentir no direito de repreender os pobres mortais da sociedade.
Mas é interessante aquilo que eu chamaria de uma verdadeira Biblioteca Infernal, com inúmeros livros que estes ditadores escreveram.
Saddam Hussein se achou competente para escrever um livro chamado “On Democracy”, bem como Kadafi escreveu o seu “Livro Verde”. Mussolini publicou “O homem e a divindade: Deus não existe”, Hitler teve “Mein Kampf”, Mao escreveu seu “Livro Vermelho” e a lista continua…
Mas nada se compara aos Kims da Coreia do Norte, pois do avô ao atual líder produziram uma quantidade quase inacreditável de volumes.
É assim nítido que estas pessoas fazem uso indevido do suposto poder intelectual. O curioso não é que o estado precisa de intelectuais e de seus elogios, mas como os intelectuais e “artistas” no Brasil precisam do Estado.
O Estado propicia a estes um sustento cativo e um nicho seguro de sobrevivência que o livre mercado jamais garantiria.
Ainda mais se levarmos em conta que uma das características de nosso povo é o completo desinteresse dos assuntos, na maioria das vezes, abordados por estes “intelectuais”.
Pior, são as derrapadas que nossos intelectuais escrevem em suas biografias.
Jorge Amado foi um dos que elogiou este tipo de regime, afirmando que
“Escrevi estas páginas pensando no meu povo brasileiro, sobre o qual uma imprensa reacionária e vendida ao imperialismo ianque vomita, quotidianamente, infâmias e calúnias sobre a URSS e as democracias populares.”
E desce ao inferno quando joga loas para Stalin, o maior genocida da história
“Mestre, guia e pai, o maior cientista do mundo de hoje, o maior estadista, o maior general, aquilo que de melhor a humanidade produziu.”
Eu desconfio que o maior problema do futuro não será o excesso de poluição ou o excesso de habitantes, mas o excesso de intelectuais.