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Napoleão

Há mais livros com “Napoleão” nos títulos do que houve dias desde a morte do imperador e general francês em 1821.

Sim, Napoleão é a história de um homem que saiu da semi-obscuridade na Córsega e impôs a sua vontade à Europa – e depois perdeu tudo, quando finalmente caiu diante de um exército rival em Waterloo. Se você fizer as contas, isto são mais do que 73.000 livros. E nesta semana acabo de assistir a esta história épica no filme de “Napoleão”, dirigido por Ridley Scott.

Apesar do filme abrigar fortes componentes do politicamente correto, o filme certamente ignorou um detalhe importante: a fascinante derrota do general francês teve menos a ver com os campos de batalha do que com a economia. Napoleão perdeu tudo por causa de uma guerra comercial. Embora tenha sido um dos maiores generais da história, ele ainda é pouco compreendido. Muitos o chamam de tirano belicista, mas saiba que “duas vezes mais guerras foram declaradas contra ele do que ele havia declarado contra outros”. A grande lição da vida de Napoleão é que nem mesmo o melhor comandante militar pode vencer uma guerra comercial.

Napoleão cometeu o erro fatal de adotar o protecionismo de Jean-Baptiste Colbert, um ministro das finanças francês do século XVII, cujo compromisso com a interferência governamental nos mercados é às vezes chamado de “Colbertismo.” A verdade é que ele rejeitou a visão de Adam Smith de comércio livre e incentivou os subsídios industriais, tentando limitar a troca de bens e serviços através das fronteiras.

O filme não destaca que, em 1806, Napoleão criou o Sistema Continental que proibiu todas as atividades comerciais entre o continente europeu e a Grã-Bretanha. Ele acreditava que essa pressão econômica forçaria a Grã-Bretanha a sentar-se à mesa de negociações. Embora o protecionismo francês tenha prejudicado a Grã-Bretanha, prejudicou muito mais a Europa. Dentro de meses, Napoleão teve que aprovar empréstimos especiais para manter as empresas francesas funcionando. Os contrabandistas floresceram, embora os reincidentes estivessem sujeitos à pena de morte.

Ele também teve que aprovar uma série de exceções: a indústria europeia não conseguia fornecer os sapatos e roupas de que o exército francês precisava, por exemplo, e assim os fabricantes britânicos obtiveram licenças comerciais especiais. A própria agricultura deu uma lição dolorosa a Napoleão, pois o seu bloqueio até levou à queima pública de alimentos importados. Se Napoleão tivesse se informado melhor sobre os benefícios do livre comércio, ele compreenderia que a agricultura não pode produzir milagres – e que todos ficam em melhor situação quando os agricultores podem vender a clientes de outros países.

Acontece que Bonaparte era apenas mais um funcionário público que não conseguiu falar com os homens e mulheres que trabalham a terra. Vemos a mesma negligência hoje, em detrimento dos agricultores, bem como dos consumidores que necessitam daquilo que cultivam.

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