A educação é amplamente considerada a melhor e mais segura maneira de melhorar a vida de alguém.
No entanto, a maioria dos brasileiros acha que isso não tem nada a ver com economia.
Ou melhor, com liberdade econômica.
Como minha filha faz Economia na Universidade de Chicago, dias desses visitei o seu Departamento de Economia e revisitei o trabalho de Theodore W. Schultz.
Em 1975, Schultz sugeriu que os retornos ao capital humano são mais altos em ambientes econômicos que vivenciam choques inesperados de preço, produtividade e tecnologia, que criam “desequilíbrios”.
Em tais ambientes, a capacidade de empresas e indivíduos de adaptar suas alocações de recursos a choques se torna mais valiosa.
O interessante é que encontrei um artigo (Economic Freedom, Human Rights, and the Returns to Human Capital: An Evaluation of the Schultz Hypothesis, Elizabeth M. King, Claudio E. Montenegro, and Peter F. Orazem) que testa a hipótese de que os retornos às habilidades são mais altos em países que permitem que os indivíduos respondam a choques.
Usando retornos estimados à escolaridade e à experiência de trabalho de 122 pesquisas domiciliares em 86 países em desenvolvimento, o artigo demonstra uma forte correlação positiva entre os retornos ao capital humano e a liberdade econômica, um efeito observado em toda a distribuição salarial.
Usando dados desses 86 países, confirmou-se essa descoberta, ao mostrar que um ponto adicional de liberdade econômica aumentou a taxa de retorno da educação em 0,45 pontos percentuais.
Isso significa que economias mais livres foram capazes de tornar o capital humano (e o autoaperfeiçoamento) mais atraente para os trabalhadores.
Para reforçar essa ligação entre liberdade econômica e educação, veja esta radiografia de 70 países que participaram do exame PISA em 2015.
Desses, 31 pontuaram em ciências (foco do PISA 2015) igual ou acima da média da OCDE.
Esses 31 países compõem, portanto, “a nata” da educação.
O que a maioria deles tem em comum?
- 23 deles (74%) estão classificados como “Livre” ou “Majoritariamente Livre” no Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation de 2015.
- O Brasil, 63° no PISA, está classificado entre os “Majoritariamente Não Livre” no índice de liberdade econômica, em 118° lugar.
- Dos 7 países que se saíram pior que o Brasil no PISA 2015, nenhum estava classificado como “Livre” ou “Majoritariamente Livre”. Um deles, inclusive, foi classificado como “Reprimido” (a Argélia).
Portanto, as instituições dedicadas ao cultivo da liberdade intelectual — no nosso caso, faculdades e universidades — dependem de estarem situadas em um sistema de liberdade econômica.
Promover uma melhor educação implica também defender mais liberdade econômica para o Brasil.