“Nesse dia, eu estava lá”.
Miguel de Cervantes
Como atualmente estamos em guerra com o passado, onde derrubamos monumentos, reescrevemos de forma ideológica biografias ou tentamos apagar a história de nossa cultura, hoje relembrei Lepanto (Nafpaktos). Aqui, em 7 de outubro de 1571 ocorreu um dos mais ferozes confrontos navais da História.
A Batalha de Lepanto moldou políticas, forjou o caráter de gerações futuras e atitudes políticas nos séculos que se seguiram. Neste Golfo de Patras ocorreu um daqueles eventos que salvou a civilização ocidental. Nesta luta participou o escritor Miguel de Cervantes, onde foi ferido e perdeu o uso de sua mão esquerda, o que lhe rendeu o apelido de “O Manco de Lepanto”.
Foi um cenário apocalíptico do embate de uma enorme armada maometana comandada por Ali Pasha contra a frota cristã veneziana. Os barcos se tocaram e serviram de chão para os soldados que se encontravam fortemente armados. Quanto o confronto terminou, a água do Mar Jônico se tingiu de sangue por muitos quilômetros.
O Império Otomano foi derrotado e perdeu seu domínio sobre todo o Mar Mediterrâneo. No saldo macabro, 240 navios avariados, 137 foram capturados e 50 navios foram afundados.
O nome de Lepanto deve permanecer nas mentes de todos os homens e mulheres com um senso de justiça pelos dias que vivemos hoje com os nossos valores.
Mas Lepanto não é apenas um evento militar. Mais do que isto, é uma grande lição da triste verdade do insaciável desejo do governo de viver à custa de altos impostos. Este é um mal que acaba corroendo os antigos e atuais poderes. Depois da Batalha de Lepanto, os marinheiros cristãos descobriram uma enorme fortuna em moedas de ouro a bordo do Sultana, o navio do comandante Ali Pasha.
Com medo de ter seus bens confiscados pelos altos impostos de seu chefe, o Sultão Selim II, Ali Pasha trouxe para Lepanto sua imensa fortuna pessoal para fugir dos coletores de impostos. Uma lição incrível dos efeitos nefastos da alta tributação. Como hoje podemos reduzir os efeitos nocivos desta lição? Só há um caminho, como quando o pai controla o filho perdulário: corta a sua mesada.
Para o governo, isso significa corte de impostos. Ali Pasha não era uma pessoa comum. Ele era general e depois o “grande-almirante” (KaptanPaşa) da frota otomana do Mediterrâneo. Se gente poderosa como ele não conseguia arcar com os altos impostos, o que dirá os simples trabalhadores e os pequenos empreendedores dos dias atuais.