Fiz uma postagem na semana passada sobre a vergonhosa tributação brasileira sobre o vestuário, em comparação com a que ocorre nos EUA, que, no caso, foi “zero” em uma camisa que comprei. A ironia é que, às vezes, aparece alguém tentando justificar tal absurdo, fazendo um verdadeiro malabarismo verbal. Creio que isso ocorre devido a convicções ideológicas. O problema é que a opinião ideológica não é apenas distinta do conhecimento, mas é inimiga dele. Ela evita confrontar a realidade. Veja o caso dos atletas nas Olimpíadas.
Imagine você passando anos treinando para ser o melhor em um esporte. Você sacrifica tempo com a família e amigos para ser o melhor do mundo. Então, as Olimpíadas chegam, e você ganha uma medalha de ouro. Essa medalha representa todo o seu trabalho árduo e é inestimável para você. Assim, como o fisco americano e o brasileiro enxergam essa sua epopeia?
Para o IRS, a Receita Federal dos EUA, com a rara exceção de atletas milionários, como as superestrelas do basquete, que têm uma receita anual acima de 1 milhão de dólares, você não pagará nenhum imposto. Ou seja, a maioria esmagadora dos atletas americanos estará isenta.
Recebem até elogios do comitê fiscal americano:
“O comitê acredita que os atletas que representam os Estados Unidos no cenário global dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos realizam um valioso serviço patriótico. Os atletas o fazem somente após anos de sacrifício pessoal para atingir o nível de excelência necessário para competir nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.”
E o caso de nossos raros medalhistas? Como não poderia ser diferente, eles serão contemplados com uma mordida sem dó da nossa Receita Federal. A ginasta Rebeca Andrade, que ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze, amealhou um total estimado em 476 mil reais. Algum reconhecimento da nossa Receita Federal? Nada disso. A ginasta brasileira deverá pagar aproximadamente 126 mil reais em impostos.
Já a sargento Beatriz, que nos alegrou com uma medalha de ouro e uma de bronze, enfrentará uma mordida do Leão de cerca de 98 mil reais. Mesmo o militar da Marinha, William Lima, que ganhou uma medalha de prata e uma de bronze, terá que pagar cerca de 58,5 mil reais ao nosso fisco pelo seu mérito no tatame.
Assim, o exemplo é um idioma que todos os homens podem compreender, mesmo aqueles que teimam em achar que pagamos uma tributação justa no Brasil. Basta verificar o que se passa nas Olimpíadas.
Ou então, recorrer a Thomas Sowell, um americano que ensina:
“Algumas pessoas dizem que os impostos são o preço que pagamos pela civilização. Mas os impostos exagerados do nosso tempo são o preço que pagamos por sermos ingênuos.”
Chega de ingenuidade nesta questão!