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O Custo da Estabilidade: Como o Protecionismo Enterra Civilizações

Já tive o prazer de participar de um debate com Johan Norberg sobre o livre comércio.
Nesta última sexta-feira, ele publicou um artigo magistral no Wall Street Journal.
Melhor é transcrever suas palavras:

“Se você quer entender o que torna grandes civilizações possíveis, considere uma caminhada no Monte Testaccio, no centro de Roma. Esta colina de 35 metros de altura é, na verdade, um monte artificial, composto por fragmentos de milhões de ânforas de argila. Antigamente, estas continham azeite importado da Espanha, da África e do Oriente, e eram descartadas ali depois que o azeite era decantado em um porto próximo.
O orador grego Aristides afirmava que, para ver todos os produtos do mundo, havia duas opções: visitar o mundo inteiro ou simplesmente ir a Roma. ‘Pois tudo o que é cultivado e produzido entre cada povo não pode deixar de estar aqui em todos os momentos e em abundância’, escreveu ele, ‘de modo que a cidade parece uma espécie de empório comum do mundo’.”

Um observador medieval descreveu o mundo árabe durante sua era de ouro:

“Tudo o que é produzido na terra está lá. Carroças transportam inúmeras mercadorias para os mercados, onde tudo está disponível e barato.”

Em Hangzhou, antiga capital da China, Marco Polo observou mercados interligados por canais e armazéns que “os abasteciam com todos os artigos que se pudesse desejar”.
No final do século XVII, um inglês maravilhou-se com a prosperidade da República Holandesa. Suas terras, escreveu ele, não produziam “nem grãos, nem vinho, nem óleo, nem madeira, nem metal, nem pedra, nem lã, nem cânhamo, nem piche, nem quase nenhuma outra mercadoria de uso; e, no entanto, constatamos que dificilmente existe uma nação no mundo que desfrute de todas essas coisas com maior abundância — e tudo isso apenas por meio do comércio”.

O comércio não é um subproduto da grandeza, mas sim sua base.
Muitas civilizações se fundamentaram no comércio não porque tivessem abundância de recursos, mas exatamente porque não os tinham.

A reversão mais acentuada da oposição à globalização ocorreu na China, após a dinastia Ming tomar o poder em 1368, prometendo restaurar a estabilidade a qualquer custo.
O comércio exterior passou a ser punível com a morte e, logo, até o comércio costeiro foi proibido.
A maior armada do mundo foi deixada apodrecendo no porto, e a corte chinesa queimou mapas para impedir futuras viagens.

O resultado foi, de fato, estabilidade — e séculos de estagnação.
A China passou de civilização mais avançada do mundo a uma civilização empobrecida.
No século XIX, estava sendo atacada e humilhada por potências europeias que haviam se tornado donas dos mares.

A lição é clara:
o protecionismo pode parecer um escudo, mas facilmente se transforma em uma gaiola.
É uma forma de isolar uma nação dos cérebros e habilidades do mundo, perdendo não apenas a riqueza, mas também a energia e a renovação constante que fazem as civilizações brilharem.
Então, tudo o que resta são as memórias esmaecidas de eras douradas — e os cacos de ânforas descartadas.

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