Sun Tzu e a guerra das tarifas

Roberto Campos costumava brincar, dizendo que “os EUA são um inferno capitalista. O diabo é que ninguém quer sair de lá…”.
Ou melhor: ninguém quer deixar de viver lá.

Quando terminou o segundo governo Lula, o PIB nominal dos EUA, em dólares, era seis vezes o do Brasil. Hoje, o PIB americano é doze vezes maior. Veja os dados:

Os EUA são a República mais antiga do mundo e têm a constituição mais duradoura. Atualmente, importam mais do que tudo o que a África produz. Sua economia não é apenas a maior do mundo — é 50% maior que a da segunda maior economia (a China) e mais de seis vezes maior que a da terceira (a Alemanha).

O dólar segue como moeda de reserva global, e os EUA recebem muito mais investimento estrangeiro direto do que qualquer outro país. Seus gastos militares são quase três vezes superiores aos da China, o segundo maior gastador. Além disso, continuam superando qualquer outro país na atração de imigrantes, e o inglês permanece como a língua mais falada do mundo.

Historicamente, são o principal investidor direto no Brasil, com volume significativo de aportes. Foram os maiores investidores diretos no primeiro semestre de 2025, com US$ 3,8 bilhões. A China, em comparação, foi apenas o 10º maior investidor, com US$ 379 milhões. Considerando operações de participação de capital, terminou 2024 em 19º lugar.

Os EUA também são o maior importador do mundo (US$ 3,6 trilhões), mas o Brasil exporta apenas 1,1% desse total. Isso mesmo: dos US$ 3,6 trilhões, vendemos apenas US$ 41 bilhões. Pior: os EUA são o segundo maior importador agrícola do planeta, e ainda assim o Brasil ocupa apenas a sexta posição entre seus fornecedores.
Ou seja: o potencial é imenso e inexplorado.

Apesar disso, o governo brasileiro insiste em hostilizar os EUA. Recentemente, Michael Jensen, diretor sênior para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional dos EUA e responsável pela América Latina, afirmou:

“Quando o governo dos Estados Unidos tem que intervir em favor de empresas americanas contra juízes fora de controle — que colocam pessoas na cadeia sem prisão, tentam tirar direitos constitucionais de cidadãos dos Estados Unidos, roubam dinheiro das empresas — esse não é o tipo de ambiente que recomendamos a ninguém. Portanto, oportunidades agora são limitadas pelo ambiente político.”

Cerca de 500 anos antes de Cristo, em A Arte da Guerra, Sun Tzu ensinava que, se você conhece a si mesmo e, principalmente, conhece o seu adversário, não precisa temer o resultado de 100 batalhas.

Eu desconfio que o presidente Lula não tenha a mínima ideia da importância dos EUA para o Brasil — a ponto de declarar que não tem agenda para um encontro com o presidente norte-americano.

PS: Nos últimos dias, comentei sobre multas da Justiça do Trabalho: R$ 165 milhões contra a Volkswagen por um caso ocorrido durante o período militar e R$ 30 milhões contra a Ford.
Pergunto: qual investidor estrangeiro vai colocar dinheiro em um país onde a Justiça do Trabalho é flagrantemente contra o empreendedor?