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O Café Brasileiro Entre Heróis do Campo e Parasitas da Burocracia

Sou filho de imigrantes que viajaram para o Brasil para iniciar o plantio de café, como milhares de outras famílias.

Para essas famílias, hoje é um dia a ser lembrado com muita emoção.

Eu não posso evitar esse tipo de sentimento, mas posso escolher o que fazer com ele. Explico.

Há exatos 50 anos, em 18 de julho de 1975, a “Geada Negra” pairou sobre os cafezais de São Paulo e do Paraná, dizimando mais de um bilhão de pés de café.

Lembro-me de meu pai, na noite anterior, colocando forminhas de gelo com água na varanda. E, na primeira hora do dia 18 de julho, quando observamos, elas estavam todas congeladas.

Saímos para ver os cafezais e, estranhamente, as plantas pareciam normais.

Mas, quando os primeiros raios de sol se fortaleceram, por volta das 11 horas, todo o cafezal começou a amarelar, ficando torrado, como se tivesse pegado fogo.

Poucas vezes na vida vi meu pai tão abalado como naquele dia.

Espanhol da gema, acostumado com as tortuosas lides do campo, em uma única noite praticamente perdeu todo o trabalho de uma geração.

Essa é a rotina do agro: uma fábrica a céu aberto, onde as intempéries da natureza podem mudar totalmente o curso de uma atividade produtiva.

Foi graças à perseverança desses mesmos agricultores que o Brasil deu a volta por cima, tornando-se o maior produtor e maior exportador, enviando o nosso café para mais de 130 países.

Saiba que, no fundo de todas as xícaras de café que se bebem no mundo, há um pouco da história do Brasil.

Apesar dessa luta heroica no ressurgimento da atividade cafeeira, hoje temos uma outra praga que nos atormenta diuturnamente.

Embora estejamos batendo recordes na exportação de café, estamos registrando constantes e crescentes atrasos nas escalas de navios para exportação.

No Porto de Santos (SP), principal exportador de café do Brasil, houve um mês em que foi registrado um índice de atraso de 77%, envolvendo 105 das 136 embarcações previstas.

Esses não embarques de café impossibilitaram a entrada de dólares nas divisas do país e causam imensos prejuízos a esses empreendedores, com custos extras e imprevistos de pré-stackings, armazenagens adicionais, detentions e gates antecipados.

Pior: hoje, nesta data melancólica, comprei um café aqui nos EUA e paguei apenas 1% de imposto.

No Brasil, estamos pagando 31,45 vezes mais!

Estamos perdendo a capacidade de nos indignarmos com tamanha desfaçatez.

Até quando continuaremos a ser vítimas de bravatas em uma disputa política com claros interesses populistas?

A resposta está na obra Eneida, de Virgílio, Livro VI:

“Não ceda ao mal, mas continue cada vez mais corajosamente contra ele.”

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